segunda-feira, 16 de março de 2015

"A invasão da direita burra as redes sociais."

Repostando a matéria para retomar o debate sobre o fenômeno da utilização das redes sociais pela extrema direita que depois de alguns meses da publicação deste artigo, neste dia 15 de março levou milhares as ruas. Os jargões repetidos pelas redes viraram cartazes e faixas erguidas sem nenhum pudor pelos manifestantes. Dentre as perolas do conservadorismo se destacaram pedidos de intervenção militar, defesa de feminicídio, ataques ao pedagogo Paulo Freire e muitos elogios a Olavo de Carvalho, Bolsonaro e outras figuras ilustres da direita na net.

Todos aqueles que de alguma forma utilizam as redes sociais da internet já devem em algum momento ter se deparado com tópicos e comentários constantes e sistematizados de algum reacionário que pela quantidade de postagens parece destinar “30 horas” por dia a este tipo de atividade.
Esse fenômeno não é tão aleatório, tal como uma análise pouco atenta possa apontar. Com certeza existe o fator da espontaneidade. A internet deu voz a muitos que não possuíam, hoje como nunca são variadas as fontes de informações. No entanto, esta multiplicidade de fontes não garante por si só a qualidade da informação. Para além da abertura democrática que com certeza é um ganho existe também o lado negativo desta proliferação, muito espaço para conteúdo de má qualidade é aberto. Uma viva ao senso comum, preconceito, boataria e “desinformação” em geral.


Aproveitando desta brecha, sujeitos reacionários que nunca tiveram coragem de se expor politicamente publicamente (nas ruas, sindicatos, associações civis e etc), ganharam confiança e agora “gritam” para milhares de pessoas a verborragia que antes só era exposta em mesas de jantares da casa de sua família, junto ao taxista que está lhe prestando um serviço ou mesmo em frente da banca de jornal onde compram o Globo. A internet acabou de ampliar a voz destes reacionários de porão, que agora vem a luz do mundo por se sentirem seguros para desfilar seus preconceitos e opiniões mal formuladas virtualmente sem ter que encarar qualquer consequência. 



Para além deste fator existe também a sistematização. Sabendo do poder das mídias digitais, que é apontada como instrumento poderoso capaz de derrubar governos e até regimes.
Os mais diversos setores políticos investem recursos e energia nas redes sociais. Campanhas de blogs bancados pela CIA contra o regime cubano e notícias “fakes” virais contra o governo venezuelano são exemplos deste tipo de intervenção nas redes. 
Em nosso país, temos cada vez mais pessoas de empresas e governos infiltrados nas redes. E salta à vista a inserção de setores de extrema direita atuando desta forma. O sucesso de sua dispersão nos espaços virtuais com certeza conta com o fator do exotismo. As ideias lunáticas da extrema direita nacional de tão absurdas cria estardalhaço. Imagine você “um golpe comunista do PT em 2014 com apoio da China e Cuba comunista, apoiado pela grande imprensa gay”, com certeza a história parece efeito de lsd em algum romancista de quinta categoria. De tão ridículo fica difícil não comentar tal absurdo.
De certo tem um pé de verdade a afirmação que render tais alucinações é “bater palma pra maluco dançar”. Pois ao discutir com seriedade tais sandices acabamos dando visibilidade a postagens e comentários que defendem este tipo de coisa. No entanto, ignorar tais propagandas idiotas sem contra argumentar também é um caminho perigoso. 



Mesmo que os discursos sejam bizarros, não devemos duvidar da capacidade deles funcionarem. Pois a adesão as ideias pela maior parte das pessoas se dão sobretudo pelo emocional. Autores como William Reich já discutiam como o discurso emocional pode funcionar nas massas. A máxima da propaganda nazista de Goebbels de que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade” deve ser levada em consideração. O discurso de fácil assimilação e potente conteúdo emocional “cola” mais do que extensos debates de alto grau de fundamentação conceitual.
Até a biologia joga contra agente neste sentido, segundo a neurociência é tendência do cérebro economizar energia, e o pensamento complexo gasta mais energia do que o superficial.
Não devemos de forma alguma subestimar o estrago político social que a verborragia da extrema direita pode causar. O reino da opinião e preconceito é reforçado diariamente a décadas pela grande mídia. Também há décadas os espaços institucionais de formação destinam-se a formar analfabetos funcionais.
Para ser eficaz revistas semanais como a Veja e “pensadores” como Olavo de Carvalho não precisam estar certos, fundamentados. Mais sim massificar ao máximo no contexto certo. A ação de nerds de direita, surtados pseudo esclarecidos e grupos organizados de extrema direita em um terreno fértil para suas ideias graças a setores ressentidos da sociedade, da elite e da classe média parece andar de vento e poupa.
Soma-se o suporte dos mais variados programas da grande mídia (jornais de apologia a repressão policial, programas de comédia preconceituosos, e pseudo conteúdo critico de jornalistas comentadores), a grandes blogs e sites de direita na internet, que “curiosamente” são muitas vezes bancados por instituições e organizações internacionais para criar “informação” que logo será replicada em postagens, memes e comentários por páginas e perfis de grupos e indivíduos da direita militante, assim como, fakes destes perfis.
Frente a tal fenômeno, cabe a nós da melhor forma possível contrapor este grande mecanismo “endireitador”. Precisamos revelar o que se esconde por trás desta, aparentemente banal, invasão da extrema direita às redes socias. A engenhosidade e seu perigo. Muita coisa está em jogo para não estarmos atentos.


Fascistas NÃO PASSARÃO! 
(Diego Felipe)

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