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Em 2009 Manuel Zelaia que foi eleito três anos antes pelo Partido Liberal para presidência de Honduras, mas guinou politicamente "esquerda" ao traçar alianças com a Venezuela de Chávez e outros países alinhados ao bloco da ALBA foi deposto por um "golpe jurídico parlamentar". O político foi acusado de "desobediência constitucional" por tentar promover uma constituinte no país. Processo de destituição promovido pela alta corte do judiciário e apoiada por militares, pelo parlamento e até mesmo por parte de seu próprio partido. Em 2012 o presidente Fernando Lugo, ex bispo da igreja católica eleito quatro anos antes pela APC (Alianza Patriótica para el Cambio) a presidência do Paraguai foi destituído por um processo de impeachment, depois de ter sido desgastado midiaticamente por conta de um suposto filho não reconhecido concebido na época que ainda exercia exercia o sacerdócio.
O ano de 2013 também não foi bom para o campo da esquerda institucional na região. Na Venezuela tencionada por disputas políticas Hugo Chávez veio a falecer, deixando o governo nas mãos do vice presidente Nicolás Maduro. No mesmo ano no Brasil, o governo do PT encabeçado pela presidente Dilma Rousseff eleita como sucessora política de Lula enfrentou gigantescas manifestações populares que pautavam o tema da mobilidade urbana e outras questões sociais. Um cenário de crise que foi superado por meio da redução das tarifas dos transportes e de muita repressão aos movimentos de rua.
Com as centrais sindicais aparelhadas e distante da maioria dos trabalhadores e um movimento social reticente por conta das ações de criminalização e repressão do governo a todas as manifestações que ocorreram durante os megaeventos, a reação das ruas a deposição de Dilma foi pífia. Hoje já percebemos algum desgaste no governo de Macri que não conseguiu corresponder ao otimismo do mercado diante sua eleição e arrastou o país para mais uma crise econômica. Por conta disso Kirchener ganha força em sua candidatura, mesmo ameaçada politicamente por setores do judiciário. No Brasil a perseguição política ao PT por conta de acusações de corrupção levou Lula para a cadeia, a propaganda midiática das grandes empresas de comunicação inflaram o antipetismo enquanto a extrema direita saltou por cima da direita tradicional também desgastada. A péssima estratégia do PT que empurrou a candidatura de Lula que sabidamente não ia ser viável e a pretensão deste partido de manter a hegemonia política dentro da esquerda a qualquer custo, fomentou ainda mais o antipetismo e garantiu a eleição do direitista extremista Bolsonaro. Uma tragédia anunciada, vide as pesquisas que apontavam que qualquer candidatura de uma sigla diferente do PT venceria o ex capitão do exército no segundo turno.
O caso da Venezuela é peculiar, em 2017 Maduro promoveu uma constituinte para enfraquecer a oposição que tinha ganhado o parlamento nas eleições legislativa dois anos antes. Em 2018 foi reeleito por um processo eleitoral questionado por seus opositores que já encontrava-se desarticulados pelos efeitos da constituinte. No entanto, não demorou para que a instabilidade política toma-se o país novamente. Hoje a Venezuela atravessa uma crise econômica que se acentuou quando Juan Guaidó presidente da Assembleia Nacional Venezuelana se autoproclamou presidente em exercício, alegando que reeleição de Maduro teria sido ilegal. Neste momento se intensificou a pressão norte americana contra o governo Venezuelano e ações políticas orquestradas por antichavistas para desestabilizar o governo. Apesar de diversas ações fracassadas da oposição, o clima de instabilidade persiste e Maduro continua a resistir escorado no apoio que recebe do exército e pelo suporte internacional dado pela Rússia de Putin. Desta forma, de um lado temos um governo cada vez mais autoritário e dependente do apoio russo e de outro golpistas a mercê dos interesses estadunidense. É evidente que este cenário trágico deve muito a interferência estadunidense na política interna da Venezuela. No entanto, as "ações do imperialismo americano" no país não são a causa única" do fracasso do projeto Chavista. A dependência da economia venezuelana do petróleo e a formação de uma burocracia estatal se encastelou no poder trouxeram problemas sociais que contradizem a retórica do socialismo do "século XXI", apresentado pelo projeto chavista como uma plataforma política de liberdade e combate radical a desigualdade social. A repressão política nunca se limitou aos setores "golpistas" alinhados ao imperialismo estadunidense. E cada vez mais a governabilidade acaba ficando atrelada a perseguição generalizada de qualquer movimento de crítica ao governo. Na Bolívia Evo Morales foi reeleito pela segunda vez em 2015 e seguirá o mandato até 2020, mesmo em um cenário econômico estável sofre com algum desgaste político frente a uma campanha contínua da oposição contra sua figura. Recentemente foi realizado no país um processo de eleições primárias, que teve como objetivo fortalecer a legitimidade de mais uma candidatura de Evo a cadeira de presidente. O ex-cocaleito foi eleito candidato de seu partido, mas o processo de primárias boicotado pela oposição foi marcado por imensa abstenção, mesmo dentro da coligação responsável pela sua candidatura. Vale citar aqui também o caso da Nicarágua, que atravessa um momento de conturbação social depois de intensos protestos contrários ao projeto de reforma da previdência promovido pelo governo de Daniel Ortega.
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De imediato, parece não existir muitas possibilidades. Para alguns governos "de esquerda" que não caíram sobrou como única opção a tentativa de explorar a tensão econômica entre potências estrangeiras buscando apoio na China e na Rússia, enquanto promove um fechamento político autoritário. Em alguns países como o Brasil, vemos a total derrocada dos partidos de esquerda e seus governos, e um cenário onde os trabalhadores estão sendo jogados em uma "guerra de classes violenta". A quebra de direitos trabalhistas, processos de privatizações e restrição das liberdades avança rapidamente dentro da agenda dos governos direitistas. Restando para os movimentos sociais resistir com o pouco de vitalidade que tem frente a assombrosas maquinas de destruição. Contudo a médio e longo prazo sempre podemos mais. É fundamental aprender com os erros para poder caminhar, pois insistir em formulas desastrosas buscando reanimar projetos políticos moribundos só representará atraso. Não há resposta pronta para nos guiar em meio a este cenário desanimador. Contudo é certo que só os ideais de liberdade e igualdade radical podem nos orientar a novos horizontes.
Para saber mais:
Revolução não será televisionada.
O que resta de junho.
Safatle – Pós-eleições: construir a luta contra o autoritarismo
Primeiras observações sobre o desastre brasileiro
Ni con Maduro ni con Guaidó: Sindicatos exigen que se respete la independencia de sus luchas.
El ultrapopulismo madurista: todo barato o gratis, aunque ni sirve, ni hay.
Declaración de Marea Socialista sobre la situación y las tareas políticas del pueblo trabajador, tras la intentona de golpe proimperialista de Guaidó y López.
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