Estes dias fiz um post sobre o entusiasmo de "intelectuais orgânicos" do empresariado e governos neoliberais que repetem insistentemente um mantra contra a reprovação nas escolas. Queria explorar um pouco mais este assunto por aqui.
Faz tempo os "educadores progressistas" vem caindo em uma armadilha muito bem armada pelo sistema constituído. Utilizando-se de discursos aparentemente progressistas, diversos "intelectuais" que vivem do financiamento empresarial e por vezes publico neoliberal, constantemente produzem material para convencer a sociedade que um dos maiores males da educação é a Reprovação. Fazem isso, de uma maneira abstrata, desconectando o debate da materialidade de precarização da educação das escolas destinadas a classe trabalhadora.
Desta forma a Reprovação passa a ser imaginada como algo maligno, um ato de maldade promovido por professores cruéis contra os estudantes. E como estamos em uma conjuntura onde a tendência é a culpabilização dos professores pelos males da educação, a retórica cola.
Governos utilizam deste discurso para camuflar a precarização de suas redes, empresários aproveitam para avançar com projetos privados de suposta qualificação docente e venda de materiais didático e sistemas de ensino, a direita conservadora aproveita do clima para proliferar ódio contra trabalhadores da educação e valorizar o senso comum e embrutecimento intelectual, e muitos pais e estudantes com consciência hipe-individualistas por conta da ideologia neoliberal acabam apoiando este tipo de discurso pensando estar "se dando bem". Ainda temos a questão dos números, se todo mundo está passando de ano, os governos e seus representantes podem defender que tudo está caminhando muito bem. Um grande teatro onde os mais prejudicados são os estudantes, que deixam de aprender (no sentido mais amplo) para se limitarem a uma convivência em verdadeiros depósitos de crianças e jovens.
Hoje a escola de pobre extremamente precarizada: não desenvolve a criatividade e criticidade, não forma intelectualmente e não prepara para o trabalho. Este tipo de escola, apenas ocupa seus estudantes para que os seus pais possam trabalhar.
Para piorar, muitos que ideologicamente deveriam criticar este tipo de escola se somam ao coro, supostamente por "progressismo". Claro que esta escola de aprovação automática (velada ou assumida) é apontada como boa para o outro (o mais pobre). Pois todos "progressistas" que de alguma forma podem, fazem de tudo para colocar seus filhos em escolas que tem comprometimento com a formação intelectual. Querem que seus filhos estudem onde não há aprovação automática.
Fico pensando: quando os "intelectuais progressistas" e o movimento de luta dos trabalhadores da educação vão começar a olhar para as "escolas depósitos" como o ápice do dualismo escolar, como uma covardia absoluta contra os filhos dos trabalhadores.
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