Recentemente começou a rolar pela internet uma imagem falsa de uma senhora fazendo L com a mão
do lado do atual presidente no hospital. Segundo militantes nas redes sociais seria uma ação crítica, notoriamente a inicial do nome do ex presidente e pré-candidato Lula. Coisa parecida foi dita de gestos promovidos por operários que posaram do lado de Bolsonaro em uma obra e também por pelo jogador Ramires em uma comemoração. Em ambos os casos os próprios autores dos gestos negaram que o L seria uma referência ao ex-presidente, mais ainda existe muita gente que jura que nas duas ocasiões foi isso mesmo evidentemente mesmo frente a negativa dos protagonistas dos casos citados.
Neste caso recente não é difícil perceber que a imagem é falsa, mas mesmo assim a imagem está sendo replicada em diversos grupos de professores e em perfis de pessoas com bastante estudo e formação. Mas afinal, como isso é possível?
Temos aqui um "belo" exemplo de como "fake news" funcionam e se espalham. É um equivoco acreditar que estas se propagam somente por conta da falta de formação das pessoas, pois as mesmas estão escoradas principalmente na emoção (no phatos). É comum que as pessoas em relação as informações se fundamentem dentro de uma lógica de confirmação de crenças, ou seja, quanto mais concorde com o que eu acredito mais verdadeira é a informação. Este tipo de pensamento facilmente pode levar a enganos absurdos. Quando o critério para tomar algo como verdade é "espelhamento" do que pensamos a tendência é mesmo propagarmos coisas estupidamente e falsas independente de nossas posições políticas e ideológicas. Pois algo não vai deixar de ser verdadeiro porque não acreditamos e nos incomoda, ou ser verdadeiro só porque queremos que assim seja.
Este tipo de comportamento se dá porque as pessoas normalmente estão em busca de conforto psicológico e de pensamento, mesmo que este signifique distorcer a realidade para caber no que imaginamos.
O atual governo brasileiro de extrema direita é acusado por muitos de investir pesadamente em campanhas de fake news, e manipular os sentimentos das pessoas para estimular comportamentos questionáveis da população. E temos muitos motivos para acreditar que campanhas deste tipo fazem mesmo parte do núcleo de sua comunicação, vide toda a desinformação plantado pelo governo em relação ao combate a pandemia. Seja como for, a mentira sempre foi uma ferramenta poderosa para mobilizar e organizar as pessoas para os mais diferentes projetos de poder, e na era da internet não poderia deixar de ser.
Mais do que nunca a capacidade crítica é essencial, e não só para o "lado de lá", para os outros e os "incultos".
Esse compromisso com a crítica tem de ser de todos, também tem que ser nosso. Caso contrário todos perdemos.
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