A série documental de 3 episódios “Don’t F**k with Cats: Uma Caçada Online" disponível
na NETFLIX narra as ações de um grupo de pessoas em busca de um homem
que compartilhou imagens de si mesmo matando filhotes de gatos na
Internet. Um material audiovisual muito interessante para quem estuda os
potenciais das tecnologias de "redes distribuídas", sobretudo o
processo de "emergência". Fenômeno que se dá na "formação de padrões
complexos a partir de uma multiplicidade de interações simples", podendo
ser observado nos enxames de animais, redes neurais, e também na
internet. O conceito que foi desenvolvido por Steven Johnson em seu livro "Emergência: a vida integrada de formigas, cérebros, cidades e softwares" e que dialoga com reflexões de muitos outros autores tais como Antonio Negri ao falar de inteligência de enxame no livro "Multidão: guerra e democracia na era do império" e Byung-Chul Han no livro "No enxame".
Os dois primeiros autores citados aqui discutem como as redes descentralizadas ( ou mais precisamente falando "distribuídas") podem produzir resultados colaborativos que vão muito para além da "soma das partes" dos atores envolvidos. Enquanto Johnson trata do fenômeno de maneira mais ampla, Negri investiga como o "isomorfismo" das redes está ligado ao novo sujeito revolucionário do capitalismo cognitivo a "multidão".
“Don’t F**k with Cats: Uma Caçada Online" é um exemplo dramático de como
a colaboração de diversas pessoas comuns por meio da rede da internet
conseguiu identificar, rastrear e responsabilizar um criminoso
transcendendo os aparatos institucionais de investigação e segurança que normalmente secundarizam os maus-tratos aos animais. A
série também nos permite olhar a internet como um "pharmakon", já que
também nos apresenta muitos usos negativos tecnologia tais como: fakes,
trolls, haters, incels e a potencialização da ação de maníacos por meio
das redes sociais .
Dentro das próprias redes sociais um forte debate está sendo feito
sobre a "validade e pertinência" da série. Muitos estão defendendo que o
doc tende a estimular a violência contra animais dentre pessoas com o
objetivo de fama, enquanto outros argumentam que o tema de "maus-tratos
aos animais" ao ser discutido também será mais enfrentado e que redes
emergentes de defensores de animais tendem a aparecerem e se
fortalecerem.
Para além de toda polêmica uma coisa é certa: o debate sobre o uso das
tecnologias de rede e suas potencialidades é cada vez mais importante
nos dias de hoje. E "Don’t F**k with Cats"!
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