sexta-feira, 11 de janeiro de 2019
Cub@: as implicações sociais da conexão tardia a internet.
O documentário Cub@, lançado em 2018 discute os efeitos da "conexão tardia" da ilha ao mundo da internet a partir de entrevista de ativistas e acadêmicos cubanos. O que podemos pensar sobre a relação da explosiva ilha cubana com esta potente tecnologia?
No final deste ano, mais precisamente no dia 6 de dezembro, foi ativado o serviço de dados móveis com tecnologia 3G em Cuba. A internet na ilha é totalmente controlada pela estatal Etcsa, e até então o acesso a rede só era possível em instituições governamentais, hotéis e nas praças de wifi (serviço inaugurado em 2015).
A ilha é local privilegiado para se estudar os efeitos da internet na sociedade por conta da sua "conexão tardia" que ressalta elementos importantes colocados por esta tecnologia de comunicação. O acesso a internet em Cuba chegou na década de 90 e permaneceu até recentemente limitado. O fundamento desta limitação sempre foi o controle político do Estado, que em um primeiro momento restringiu o acesso a instituições publicas e hotéis, para além de bloqueios a páginas e blogs considerados subversivos. Com a melhoria da relação do governo da ilha com o governo dos Estados Unidos ocorreu a abertura a banda larga em 2015. No entanto, o serviço inaugurado neste ano custa caro demais para a maioria dos Cubanos acessarem. O mesmo também é limitado, pois só pode funcionar por meio de cartelas pré-pagas de acesso a ser utilizada por dispositivos moveis nos perímetros das praças centrais das cidades cubanas.
A internet que o Cubano a partir de agora vai poder acessar de qualquer lugar a partir do 3g não é a mesma que existia antes da hegemonia das redes sociais. A "conexão tardia" fez Cuba saltar um estagio de desenvolvimento da tecnologia. Hoje é notório que a internet cada vez mais adquire cunho mercadológico se focando em publicidade e em redes sociais de grandes empresas privadas. Nem sempre foi assim, pois em um momento inicial a tecnologia chegou a alimentar até mesmo utopias radicais sobre compartilhamento livre e sem limites de produtos e informação. A tecnologia de rede distribuídas inclusive possibilitou muitos processos políticos de revolta por todo globo: vide a "primavera árabe", Occupy e Jornadas de Junho.
É difícil imaginar quais os efeitos sociais da chegada da internet de forma mais ampla em Cuba. Politicamente a ilha hoje se espelha em muito no modelo Chinês, que desenvolveu suas maneiras de lidar com a internet. Existem também muitas tensões dentro do processo de abertura do país ao capital privado. Quem viver verá.
Para saber mais mais:
Um fantasma ronda o Brasil e o mundo o fantasma das Redes Sociais:
Nilton Bahlis dos Santos
Redes de Indignação e Esperança: Movimentos Sociais na Era da Internet
Manuel Castells
Filme "O que Resta de Junho"
https://www.youtube.com/watch?v=gQvK9RzOPP8
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"SER RADICAL É TOMAR AS COISAS PELA RAIZ" (KARL MARX)
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